Prevenção de acidentes com crianças

Imagem ShutterStock. Cópia não autorizada.
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Prevenção de acidentes com crianças

Nos últimos dias de 2014, nós vimos na mídia um número grande de casos de acidentes com crianças – crianças que perderam a vida esquecidas por seus pais dentro de carros, afogamentos, sufocamento por presilha de cabelo, acidentes com fogos de artifício… Além do noticiário, recebemos um pedido de uma leitora do site para que abordássemos o assunto, ela mesma tendo perdido um filho num acidente doméstico, infelizmente.

A mensagem que queremos passar é: “não aprenda segurança por acidente“, ou seja, não espere acontecer uma tragédia para então se informar de como poderia tê-la prevenido. Infelizmente, a cultura de prevenção não é encarada como prioridade aqui no Brasil, e estima-se que com a conscientização da sociedade, cerca de 90% dos acidentes poderiam ser evitados.

Veja algumas dicas para evitar os acidentes mais comuns com crianças, retiradas do site Criança Segura Brasil:

– Afogamento: os perigos não estão apenas nas águas abertas como mares, represas e rios. Para uma criança que está começando a andar, por exemplo, três dedos de água representam um grande risco. Assim, elas podem se afogar em piscinas, cisternas e até em baldes, banheiras e vasos sanitários. Um adulto deve supervisionar de forma ativa e constante as crianças e adolescentes, onde houver água, mesmo que saibam nadar ou que os lugares sejam considerados rasos.
• Esvazie baldes, banheiras e piscinas infantis depois do uso e guarde-os sempre virados para baixo e longe do alcance das crianças;
• Conserve a tampa do vaso sanitário fechada, se possível lacrada com algum dispositivo de segurança “à prova de criança” ou mantenha a porta do banheiro trancada;
• Piscinas devem ser protegidas com cercas de no mínimo 1,5 m que não possam ser escaladas e portões com cadeados ou trava de segurança que dificultem o acesso dos pequenos (vejam como fiz uma cerca de proteção na piscina da minha casa AQUI). Alarmes e capas de piscina garantem mais proteção, mas não eliminam o risco de acidentes. Esses recursos devem ser usados em conjunto com as cercas e a constante supervisão dos adultos;
• Grande parte dos afogamentos com bebês acontece em banheiras. Ao deixar a criança na banheira para pegar uma toalha: cerca de 10 segundos são suficientes para que a criança fique submersa; ao atender ao telefone: apenas 2 minutos são suficientes para que a criança submersa na banheira perca a consciência; sair para atender a porta da frente: uma criança submersa na banheira ou na piscina entre 4 a 6 minutos pode ficar com danos permanentes no cérebro. Na faixa etária até dois anos, mesmo vasos sanitários e baldes podem ser perigosos. Nunca deixe as crianças, sem vigilância, próximas a pias, vasos sanitários, banheiras, baldes e recipientes com água;
Veja outras dicas sobre como prevenir acidentes de afogamento AQUI.

– Brinquedos: supervisão é um fator importante para manter as crianças protegidas de acidentes com brinquedos. Inspecione regularmente os brinquedos à procura de danos que podem ocorrer durante a brincadeira ou enquanto a criança manuseia o brinquedo. Observe também a presença de potenciais riscos como partes pequenas que podem se soltar, pontas afiadas e arestas. Conserte o brinquedo imediatamente ou mantenha-o fora do alcance da criança.
• Evite utilizar balões de látex (bexigas). Se realmente precisar utilizá-los, guarde-os fora do alcance das crianças e supervisione-as durante toda a brincadeira. Não permita que crianças encham balões e tenha muito cuidado com os pedaços de bexigas estouradas, pois podem ser acidentalmente ingeridos pelas crianças e ocasionar sérias consequências. Após o uso, esvazie as bexigas e descarte-as juntamente com eventuais pedaços;
• Evite brinquedos que produzem sons altos, com pontas e bordas afiadas e que apresentem projéteis, como dardos e flechas;
• Brinquedos com correntes, tiras e cordas com mais de 15 cm devem ser evitados para reduzir o risco de estrangulamento;
• Brinquedos elétricos podem causar queimaduras. Evite brinquedos com elementos de aquecimento, como baterias e tomadas elétricas, para crianças com menos de 8 anos;
• Certifique-se de que os brinquedos serão usados em ambientes seguros. Brinquedos conduzidos pela criança não devem ser usados próximo a escada, rua, piscina, lago, etc.;
Veja mais dicas AQUI.

– Criança sozinha no carro: para a criança, o carro pode ser um verdadeiro brinquedo a ser explorado e o porta-malas o local perfeito para a brincadeira de esconde-esconde. A criança pode acabar ficando presa no veículo, correndo perigos sérios como asfixia e queimaduras, ou sofrer um sério acidente se acabar soltando o freio de mão. A mudança de rotina também pode levar o adulto a esquecer o bebê dentro do carro por horas, o que pode ter consequências muito graves. Uma criança esquecida no carro com temperatura externa de 38° pode chegar a ficar exposta a uma temperatura de até 60° dentro do veículo. Esquecida no carro, a criança pode sofrer queimaduras graves e sofrer paradas cardíacas e respiratórias.
• Coloque algo de que você vá precisar quando estacionar o carro – celular, bolsa, almoço, mochila da academia ou maleta – no banco de trás, do lado de onde a criança está sentada. Ou então amarre algo do bebê ou criança no volante do carro. Esses atos simples podem prevenir o esquecimento acidental da criança caso ela esteja dormindo;
• Seja especialmente cuidadoso se você mudar sua rotina para deixar as crianças na creche. Peça para a creche te avisar caso seu filho não chegue ao local após alguns minutos do horário que você costuma deixá-lo;
• Tenha certeza de que todas as crianças deixaram o veículo quando chegar ao seu destino. Supervisione também as crianças que estiverem dormindo;
• Não deixe a criança sozinha dentro do carro, mesmo com o vidro levemente aberto;
• Observe as crianças de perto quando próximas a veículos, especialmente no momento de carregar e descarregar o carro.
Veja mais dicas sobre prevenção de acidentes em/com carro AQUI.

– Cuidados com o bebê: a chegada do bebê deve vir acompanhada de alguns cuidados especiais para protegê-lo de todas as ameaças que possam existir “lá fora”. Mas, e os perigos que estão próximos ou dentro de casa? Itens aparentemente inocentes, como a torneira do banheiro ou um botão perdido, de repente, têm uma grande importância, quando há um bebê no ambiente. Até mesmo produtos feitos para ninar ou entreter a criança podem, às vezes, ser perigosos.
• Bebês devem dormir em colchão firme, de barriga para cima, cobertos até a altura do peito com lençol ou manta presos embaixo do colchão e os bracinhos para fora. O colchão deve estar bem preso ao berço (não mais que dois dedos de espaço entre o berço e o colchão) e sem qualquer embalagem plástica.
• Seja especialmente cauteloso em relação ao berço. Procure berços certificados pelo Inmetro, conforme as normas de segurança da ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). Fique atento às grades de proteção do berço, que devem estar fixas e não devem ter mais que 6 cm de distância entre elas;
• Remova do berço todos os brinquedos, travesseiros e objetos macios quando o bebê estiver dormindo, para reduzir o risco de asfixia;
• Sempre teste a temperatura da água do banho, usando o dorso da mão ou o cotovelo, movimentando a água de um lado para o outro para misturar toda a água quente com a fria;
• Não use andador com rodas, o popular “andajá”;
• Mantenha uma mão no bebê enquanto troca as fraldas. Não deixe o bebê sozinho em mesas, camas ou outros móveis;
Veja mais dicas de prevenção de acidentes com bebês AQUI.

– Parquinhos: as quedas, lesões de grande ocorrência nos parquinhos, representam a principal causa de hospitalização, por acidente, de crianças até 14 anos no Brasil.
• Conheça os parquinhos onde as crianças brincam. Procure equipamentos apropriados para a idade das crianças e verifique se os equipamentos estão enferrujados, quebrados ou contêm superfícies perigosas. Denuncie qualquer problema à escola ou ao órgão responsável;
• O parquinho dever ser instalado em piso que absorva impacto, como um gramado, um piso emborrachado ou areia fina. Jamais deve ser instalado em piso de concreto ou pedra;
• Tire o capuz e o cachecol de todas as crianças para evitar perigos de estrangulamento nos parquinhos.
Veja mais dicas para a prevenção de acidentes em parquinhos AQUI.

– Sufocação ou Engasgamento: A sufocação, ou obstrução das vias aéreas, é a primeira causa de morte, entre os acidentes, de bebês até 1 ano de idade. Até os 4 anos, a criança fica muito exposta a este tipo de risco pois é nesta fase que inicia a exploração do mundo ao seu redor por meio dos sentidos – tato, audição, paladar, visão e olfato. Segundo dados do Ministério da Saúde, em 2012, 756 crianças de até 14 anos morreram vítimas de sufocação.
• Corte os alimentos em pedaços bem pequenos na hora de alimentar a criança;
• Não deixe sacolas plásticas ao alcance das crianças. Elas podem colocar na cabeça ao brincar, causando a própria asfixia.
• Certifique-se de que o piso e os móveis que a criança possa ter alcance estão livres de objetos pequenos, como grãos de feijão, milho, arroz, entre outros;
Veja mais dicas para prevenir sufocação AQUI.

A leitora que nos contatou perdeu seu filho em um acidente doméstico em 2013. Ela criou uma página com dicas de prevenção de acidentes no Facebook (clique na imagem para acessar e seguir):

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Dizem por aí que “anjo da guarda de criança não tem folga”. Eu já prefiro a frase do meu pai: “quando se trata da segurança de crianças, a tolerância é zero“. E é mesmo! Não dê mole para o azar, não ache que coisas aparentemente sem perigo não são sérias (releia lá em cima os tempos de afogamento de bebês em banheiras, por exemplo), informe-se sobre prevenção! Ela é o melhor remédio, sempre.