Dicas nutricionais para gestantes

Dicas nutricionais para gestantes
Compartilho com vocês, mais um post de dicas nutricionais para gestantes, elaborado pela Dra Lara Garcia, nutricionista materno-infantil em Brasília.
Com a palavra, a Dra. Lara Garcia:
Pesquisando as últimas diretrizes de recomendação nutricional para gestantes, tive a ideia de fazer este post sobre as deficiências nutricionais mais perigosas durante a gestação. Disponibilizei a bibliografia da minha pesquisa no rodapé para as mães que quiserem se aprofundar nesse tema.
Sabemos que o ambiente intrauterino exerce um importante efeito sobre a saúde na vida adulta. O baixo peso ao nascimento (peso < 2.500kg) está altamente correlacionado com o aumento da incidência de doenças crônicas durante os períodos mais tardios da vida. No primeiro trimestre a saúde do feto depende da condição nutricional materna pré-gestacional. No segundo e terceiro trimestres, a alimentação materna exerce influência direta na condição nutricional do feto.
A OMS – Organização Mundial de Saúde – estima que a prevalência de anemia em gestantes seja de 41,8%. Na gestação, a deficiência na ingestão de ferro afeta as reservas de ferro materno, aumentando a mobilização dos estoques para garantir as necessidades do feto, o que pode favorecer o aparecimento da deficiência materna. A gestação a termo garante quantidades suficientes de ferro para o feto mesmo em situações de anemia ou desnutrição da mãe, mas a deficiência é observada em prematuros já que a interrupção precoce da gestação impede a absorção suficiente de ferro. Mulheres com história clínica de anemia pré-gravídica frequentemente precisaram ser suplementadas com esse mineral. As consequências da anemia ferropriva não tratada já são bem conhecidas, como o retardo do crescimento intra-uterino, baixo peso ao nascimento e prematuridade (1).
Apesar da anemia por deficiência de ferro ser a causa mais comum de anemia nutricional, a anemia megaloblástica por deficiência de ácido fólico também está associado a uma série de complicações gestacionais. Ele exerce papel importante na síntese de DNA e RNA, sendo importante na proliferação celular durante a gravidez, sobretudo nas primeiras semanas, por isso a suplementação com ácido fólico deve ser oferecida precocemente a fim de evitar danos para o desenvolvimento infantil. A deficiência de ácido fólico está associada a sangramentos, descolamento de placenta, defeitos do tubo neural, fenda palatina, prematuridade e aborto espontâneo (2).
Já a deficiência de vitamina B12 é incomum em gestantes, porém quando presente pode aumentar o risco de má formação fetal. Quando há o processo megaloblástico pela deficiência de ácido fólico, os depósitos de vitamina B12 podem ser mobilizados pelas demandas da gravidez (3).
Em relação a vitamina A, o aumento da necessidade durante a gestação é pequeno. Contudo, a hipovitaminose A constitui um dos principais problemas nutricionais da gestação. Essa deficiência nutricional predispõe complicações gestacionais como náuseas, vômitos, anemia, falta de apetite e infecções do trato urinário (2). Durante a gestação, o feto utiliza as reservas de vitamina A da mãe, após o parto obtém esse nutriente através do leite materno.
A função da vitamina A é de grande importância no nascimento, pois é o período no qual o recém-nascido produz grandes quantidades de radicais livres em resposta à exposição a elevadas concentrações de oxigênio. Assim as baixas reservas dessa vitamina, cuja transferência se dá principalmente no 3º trimestre, associada a imaturidade dos sistemas antioxidantes, tornam o recém-nascido vulnerável aos efeitos do stress oxidativo decorrente do nascimento, que causa maior dano ao sistema respiratório da criança. O estado nutricional materno da vitamina A determina o estado nutricional dessa vitamina nas crianças (4).
É importante lembrar que as deficiências nutricionais são consideradas fatores de risco modificáveis e portanto podem ser revertidas através de intervenções nutricionais efetivas. O acompanhamento nutricional gestacional tem por objetivo identificar e tratar precocemente essas deficiências e estar ciente sobre o que grávidas podem comer é extremamente importante tanto para as mamães, quanto para os bebês.
SERVIÇO:
Dra. Lara Garcia – Nutricionista em Brasília
www.laragarcia.com.br
Pesquisa:
(1)Rush D. Nutrition and maternal mortality in the developing world. Am J Clin.Nutr. 2000; 72:212S-240S
(2)Rauber F, Bernardi JR, Vitolo MR. Repercussões das Carencias Nutricionais In: Nutricão Clínica, Obstetrícia e Pediatria. 1 ed. Rio de Janeiro: MedBook,2011
(3)Molloy AM, Kirke PN, Troendle JF et al. Maternal vitamin B12 status and risk of neural tube defects in a population with high neural tube defect prevalence and no folic acid fortification. Pediatric 2009; 123 (3):917-923
(4)Inder TE, Graham PJ, Winterbourn CC, Autin NC, Darlow BA. Plasma vitamin A levels in the very low birthweight infant relationship to respiratory outcome. Early humaDevel 1998; 52 (2): 155-58.